Introdução
Quando consideramos em detalhe o propósito prático de nossa nova vida em Cristo, podemos resumir dizendo: nascemos de novo e fomos transportados do reino das trevas, para o Reino do Filho do amor de Deus, com o propósito de fosse realizada em nós uma contínua obra de transformação.
Na vida biológica, nascemos, crescemos e nos tornamos seres humanos maduros, capazes de decisões, assumir responsabilidades e gerar outros seres humanos, educá-los e conduzi-los pela vida. De forma semelhante, quando nascemos de novo, um processo de amadurecimento do que somos em Cristo começa a ter o seu curso de ação na nossa vida. Chamamos este processo de amadurecimento de “santificação”.
Na santificação da nossa vida, Deus vai introduzindo mudanças em nossa maneira de pensar e nos faz entender, com clareza cada vez maior, as razões da nossa existência e a importância de vivermos para ele.
Quando começamos a discernir nossa ligação com Deus e o propósito de nossa própria existência, naturalmente flui um novo comportamento e uma nova maneira de agirmos entre os homens. Em outras palavras, quanto mais nos santificamos, mais nos aproximamos de Deus e quanto mais isso ocorre, melhor nos envolvemos com o mundo que nos cerca.
Na verdade, nosso coração passa a ser inclinado a um outro patamar de valor. As coisas que realmente vão tomando proeminência na nossa consideração de valor, são aquelas que dizem respeito ao nosso propósito existencial de viver para Deus.
A demonstração mais obvia dessa nova vida que está se construindo em nós é o “amor”. O amor verdadeiro, proveniente de nossa relação com Deus, é a consequência natural de nossa nova vida.
Precisamos entender o amor como uma meta espiritual e de vida. Não somente a prática do amor, como algo mecânico, obrigatório, mas um amor que nasce do coração ligado a Deus.
O Reino do Amor
A redenção opera uma mudança em nosso estado e em nossa condição de relacionamento com Deus. Fomos conquistados por Cristo e transportados para a realidade do seu Reino.
Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor (Colossenses 1.13).
O reino para o qual fomos transportados possui uma marca fundamental: o amor. O amor é, portanto, o ponto diferencial da nossa nova condição como filhos do Reino de Cristo.
Todo o nosso crescimento na fé, ou o desenvolvimento do novo homem em nosso coração, tem o amor como a melhor maneira de averiguação do processo de mudança redencional.
Em outras palavras, devemos considerar que a falta de amor é sinal de falta de amadurecimento da fé. E que, por outro lado, o aumento da capacitação para as relações de amor é um sinal de um crescimento na fé, o processo de santificação.
Aquele que diz estar na luz e odeia a seu irmão, até agora, está nas trevas. Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não há nenhum tropeço. Aquele, porém, que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos (1 João 2.9-11).
A santificação da nossa vida, portanto, compreenderá um conjunto de mudanças fundamentais na nossa forma de pensar e reagir à realidade que nos conduzirá à um patamar de relacionamento com Deus baseado no amor supremo, bem como, a um relacionamento com o próximo baseado na matriz do amor de Deus.
Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado (1 João 4.11-12).
Desta forma, devemos fazer a união dos conceitos de santificação com o de amor. Não será possível uma santificação que não contenha os elementos próprios do desenvolvimento do amor, tanto a Deus quanto ao próximo.
Um modelo de santificação que tenha somente um conteúdo teológico, mas não prático, como o amor, é o tema das condenações do texto de 1 João. O apóstolo do amor, não concebe uma verdade teológica que não tenha produzido o crescimento dos níveis e capacidade de amar.
Desenvolvimento do amor
O amor não deve ser considerado apenas um sentimento de afeto. Antes, o amor precisa ser encarado como uma virtude e um projeto de vida.
Fosse o amor apenas um sentimento sobre o qual não fosse possível nenhum controle racional, como poderia o Senhor nos exigir o amor, nos termos de um mandamento?
Evidentemente, o amor é um ato voluntário que pode ser desenvolvido. Uma virtude pode ser apurada na medida em que trabalharmos para tanto.
Entendemos que as palavras de Pedro vão na mesma direção, quando este propõe aos irmãos que o seu amor seja voluntário, obra da vontade diligente:
Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos de coração uns aos outros ardentemente (1 Pedro 1.22).
O texto em destaque indica que o alvo é o amor fraternal não fingido e que para chegar a ele, o amor ardente é a atitude necessária. Desta observação decorre nossa percepção de que as Escrituras nos estimulam a práticas de desenvolvimento do amor.
Procuraremos desenvolver nestes estudos o conceito de crescimento no amor. Investigaremos o crescimento do amor fraternal (entre irmãos de fé); amor na família (cônjuges, pais e filhos); amor aos perdidos (evangelização) e amor ao reino de Deus (amor a Deus).
Ora, o nosso mesmo Deus e Pai, e Jesus, nosso Senhor, dirijam-nos o caminho até vós e o Senhor vos faça crescer e aumentar no amor uns para com os outros e para com todos, como também nós para convosco, a fim de que seja o vosso coração confirmado em santidade, isento de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos (1 Tessalonicenses 3.11-13).
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