quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Inteligência Redencional - Treinamento da Mente

Disciplinando a Mente


Introdução
Em nosso estudo sobre a luta para ter a mente de Cristo, chegamos ao ponto em que notamos que o pecado estabeleceu uma fortaleza em nosso coração (a mente humana).
Compreendemos que é necessária uma grande batalha para levar o pensamento cativo à obediência de Cristo, do que se pode pensar duas coisas importantes: a primeira que devemos obedecer a Cristo e a segunda, que devemos obedecer como Cristo obedeceu.
Neste ponto, desejamos aplicar-nos a ponderar sobre um método de trabalho para educação da mente nessa piedade. Antes porém, gostaria de observar alguns textos sobre o tema.
Salmo 1.3 - “antes, o seu prazer está na Lei do Senhor e na sua Lei medita de dia e de noite”.
Facilmente notamos que a rotina de aproximação da Lei do Senhor é o nosso diferencial para com o homem ímpio.
Salmo 119.11 - “guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti”
Percebemos o motivo que o salmista elege para sua constante busca da Palavra, ou seja, não pecar contra Deus.
Deuteronômio 6.6 a 9 - “estas palavras estarão no teu coração e tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho,e ao deitar-te, e ao levantar-te, também as atarás como sinal em tua mão, e te serão por frontal entre os olhos, e as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas”.
Não precisamos de muito exercício para descobrir que Deus deseja que tenhamos essa prioridade máxima em nossa vida: conhecer sua palavra e obedece-la.
Um dos pontos mais fundamentais para quem deseja levar o seu pensamento cativo à obediência de Cristo é que saiba que sua mente precisa ser educada nessa direção.
Os textos que pontuamos e muitos outros nos mostram essa necessidade extrema. O apóstolo Paulo exorta Timóteo a essa prática (leia 1 Timóteo 4.9 a 16). Era de extrema urgência que o jovem pastor se disciplinasse à vida de aprofundamento na Palavra. Isso requereria do jovem Timóteo “muita aplicação, dedicação e disciplina pessoal”.
Disciplina pessoal é uma das mais gritantes falhas do nosso cristianismo. Gigantes da fé sempre foram homens muitíssimo disciplinados, entre eles destaco: João Calvino, os grandes mestres puritanos e, em particular o Pastor e Filósofo Jonathan Edwards.

Jonathan Edwards
Aos 20 anos de idade Jonathan Edwards escreveu: "Dediquei-me solenemente a Deus e o fiz por escrito, entregando a mim mesmo e tudo o que me pertencia ao Senhor, para não ser mais meu em qualquer sentido, para não me comportar como alguém que tivesse direitos de forma alguma... travando assim, uma batalha contra o mundo, a carne e Satanás até o fim da vida".
Jonathan foi criado em um lar muito piedoso. Foi influenciado grandemente pela vida e ministério de seu pai e pela piedade de sua mãe. Seu pai, Timothy e sua piedosa mãe, Esther oravam constantemente pelo único filho homem para que fosse cheio do Espírito Santo. Quando completou a idade de 7 anos presenciou um despertamento na Igreja de seu pai e assim, acostumou-se a orar sozinho, cinco vezes, todos os dias, e também chamava seus amiguinhos para orar com ele.

Mas apesar de ter sido criado em um lar muito piedoso, ele só veio a encontrar a paz
e a certeza da fé salvadora entre abril e maio de 1721, aos 17 anos, durante o tempo em que permaneceu no Yale College para concluir o grau de mestrado. No entanto, durante o tempo em que estudou lá nunca deixou de estudar a Bíblia diariamente. Por toda sua vida ele alimentou-se com a Palavra de Deus. Segundo J. W. Chapman ele era, de fato, um santuário do Espírito Santo.

Aos 24 anos, quando se casou com a filha de um pastor, Sarah Pierrepont, encontrou nela uma mulher de rara espiritualidade e, como seu marido, entregue totalmente aos serviços do seu Deus. Eles gostavam de andar a cavalo ao cair da tarde, para poderem conversar e, antes de se recolherem, sempre tinham, juntos, os seus momentos devocionais.
Jonathan Edwards passava 13 horas por dia estudando e orando, mas, sempre metódico, todos os dias encontrava momentos para estar com a família. Ele entendia a real natureza da piedade e acreditava que Deus é engrandecido na pequenez e dependência do ser humano.
Como disse o Dr. Martyn Lloyd-Jones certa vez: "Edwards possuía uma excepcional espiritualidade. Ele sabia mais da religião experimental do que a maioria dos homens; e dava grande ênfase no coração". Como costume que vinha desde a sua meninice Edwards gozava os privilégios das orações. Continuou também a freqüentar os lugares solitários das florestas onde podia ter comunhão com Deus.
E em seu leito de morte, partindo de suas experiências pessoais e dos seus grandes benefícios, recomendou a alguns candidatos ao ministério que se achavam ao lado de sua cama: "Breve chegará a hora em que nós também teremos que deixar os nossos tabernáculos terrestres, e ir ao nosso Senhor, que nos enviou para trabalhar em Sua seara, para lhe prestar contas de nós mesmos. Ah, como isso diz respeito a nós, de modo que corramos, não incertamente; lutemos, não como quem esmurra o ar! E o que ouvimos não nos animaria a pôr a nossa confiança em Deus, dEle buscando ajuda e assistência em nossa grande obra, e a dedicar-nos muito a buscar os influxos do seu Espírito e êxito em nossos labores pelo jejum e oração"? Esta foi a marca da piedade deixada pelo teólogo do coração de do intelecto.

Suas Resoluções 
Como era comum aos jovens daquela época, Jonathan Edwards escreveu uma lista de resoluções, se comprometendo a viver uma vida teocêntrica em harmonia com os outros. Esta lista foi escrita em 1722 e ao longo dos anos, novas resoluções foram acrescentadas. A lista tem um total de 70 resoluções. Transcrevo aqui trechos resumidos, para mostrar a seriedade e firmeza com que ele encarava a vida:
"Estando ciente de que eu sou incapaz de fazer qualquer coisa sem a ajuda de Deus, humildemente rogo que Ele, através de Sua graça, me capacite a fielmente cumprir estas resoluções enquanto elas estiverem dentro de Sua vontade em nome de Jesus Cristo."
"Resolvi que farei tudo aquilo que seja para a maior glória de Deus e para o meu próprio bem, proveito e agrado, durante toda a minha vida".
"Resolvi que farei tudo que sentir ser o meu dever e que traga benefícios para a humanidade em geral, não importando quantas ou quão grandes sejam as dificuldades que venha a enfrentar".
"Resolvi jamais desperdiçar um só momento de meu tempo, pelo contrário, sempre buscarei formas como torná-lo mais proveitoso possível".
"Resolvi jamais fazer alguma coisa que eu não faria se soubesse que estava vivendo a última hora da minha vida".
"Resolvi jamais cansar de buscar pessoas que precisem do meu apoio e da minha caridade".
"Resolvi jamais fazer alguma coisa por vingança".
"Resolvi manter vigilância constante sobre a alimentação e bebida, para ser sempre comedido".
"Resolvi jamais fazer alguma coisa que se eu visse outra pessoa fazendo, achasse justo motivo para repreendê-la ou menosprezá-la".
"Resolvi estudar as Escrituras tão firme, constante e freqüentemente, até ao ponto em que possa claramente perceber que estou continuamente crescendo no conhecimento da Palavra".
"Resolvi esforçar-me ao máximo para que cada semana possa me elevar na religião, e no exercício da graça além do nível que estava na semana anterior".
"Resolvi que irei me perguntar ao final de cada dia, semana, mês, ano, como e onde eu poderia ter feito melhor".
"Resolvi freqüentemente renovar a dedicação da minha vida a Deus que foi feita no batismo, e que foi solenemente renovada quando fui aceito na comunhão da Igreja; e que eu solenemente refaço neste dia 12 de janeiro de 1722".
"Resolvi, a partir deste momento e até a minha morte, jamais agir como se a minha vida me pertencesse, mas como sendo total e inteiramente de Deus".
“Resolvi que agirei da forma que achar que eu mesmo julgarei ter sido a melhor, e a mais prudente, quando estiver na vida futura”.
"Resolvi jamais desistir, ou de qualquer maneira relaxar na minha luta contra minhas próprias fraquezas e corrupções, mesmo quando eu não veja sucesso nas minhas tentativas".
"Resolvi sempre refletir e depois das adversidades e das aflições, no que fui aperfeiçoado ou melhorado através das dificuldades que benefícios me vieram através delas, e o que poderia ter acontecido comigo caso tivesse agido de outra maneira".
Edwards combinava o exercício mental e intelectual de um gigante com a piedade quase infantil, pois ele percebia Deus, tanto como infinitamente complexo, quanto como maravilhosamente simples. Essas resoluções, Edwards levou por toda a sua vida.
A Herança de Edwards
É notável que a vida de Jonathan Edwards é uma prova de que Deus não quer que desprezemos as faculdades intelectuais que Ele nos deu, mas que a desenvolvamos, sob a direção do Espírito e Deus, e que as entreguemos desinteressadamente ao seu uso.
Nas palavras do falecido Dr. Martyn Lloyd-Jones: "De fato eu tentei, talvez tolamente, comparar os puritanos com os Alpes, Lutero e Calvino com o Himalaia, e Jonathan Edwards com o Monte Everest! Ele sempre me pareceu ser o homem mais semelhante ao apóstolo Paulo. Naturalmente, Whitefield foi um grande e poderoso pregador, como foi Daniel Rowland, mas Edwards o foi também. Nenhum deles teve o intelecto, nenhum deles teve a compreensão da teologia que Edwards teve, foi o filósofo que ele foi. Ele sobressai, parece-me, inteiramente pelo que ele é, entre os homens".
Jonathan Edwards está entre os heróis da fé, digno de ser imitado. Digno de ser imitado em sua devoção à Bíblia, pois lutou para entendê-la, lutou para aplicá-la. Também em sua busca assídua por Deus em oração, visto que ele passava grande parte de seu dia em oração. Não apenas como um costume, mas gozando dos privilégios desta prática. Sua reverência e temor de Deus foram um exemplo também. E apesar do profundo e vasto conhecimento, ele sempre manteve a humildade. Tudo isso porque ele possuía um senso das verdades celestiais, era um conhecimento afetivo, algo que, sem dúvida nenhuma, precisamos hoje como cristãos.
Deixemos que o próprio Edwards o descreva: "Aquele que é espiritualmente iluminado... não crê de maneira meramente racional que Deus é glorioso, mas tem um senso da natureza gloriosa de Deus em seu coração. Não há somente uma percepção racional de que Deus é santo, e de que a santidade é uma coisa boa, mas há uma percepção do caráter atraente da santidade de Deus. Não há apenas uma conclusão especulativa de que Deus é gracioso, porém o senso de quão amável Deus é, ou o senso da beleza deste atributo divino".
Jonathan Edwards foi inteiramente contrário à separação entre coração e cabeça, que tantas vezes tem afetado os evangélicos. Ele unia o mais rico sentimento religioso aos mais elevados poderes intelectuais. Isso é realmente digno de aceitação.
Ele possuía uma apreciação singular por uma espiritualidade fervorosa e intensa. É denominado muitas vezes de teólogo do avivamento, da experiência e do coração. Não que o critério da verdade seja a experiência, mas que o cristianismo tem de ser experimental e prático, sendo a Escritura sempre o juiz de tudo.


(texto sobre J.Edwards retirado do blog de Josemar Bessa) 
 http://josemarbiografias.blogspot.com/2006/07/jonathan-edwards.html

Aplicação
Desejo que todos nós sejamos humildes o suficiente para compreender que nossas mentes precisam de disciplina espiritual se queremos ser pessoas espirituais.
O esforço de nossa mente e corpo nos trará o benefício de um espírito renovado e cheio da graça de Deus. Seremos pessoas diferentes à medida que nos tornamos mais parecidos com o Cristo ao qual contemplamos em nossa devoção diária.
Todos os discípulos de Jesus precisam da capacidade de Dominarem seus próprios pensamentos, a ponto de considerarem mais atentamente a glória de Deus em todas as coisas que fazem.
Edwards não só foi um exemplo de homem piedoso, mas tornou-se num dos principais teólogos do grande avivamento americano, o qual deixou um legado muito especial para a igreja vindoura.
Infelizmente, ainda é muito desconhecido no Brasil, mas creio que tem chegado o tempo em que este grande mestre será mais divulgado e conhecido na nossa terra.


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