"Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus"
Um dos mais importantes momentos da história da Redenção é aquele que se refere à vida, morte, ressurreição e ascensão de Jesus. Mas toda esta história tinha uma intencionalidade: conduzir Jesus Cristo à Exaltação.
A Exaltação de Cristo não consiste
apenas no fato de estar ele no céu. Devemos considerar que há muitos aspectos
ligados à pessoa do próprio Cristo Exaltado que precisam ser examinados para
que a nossa fé realmente repouse sobre um sólido fundamento na Rocha.
Nestes encontros sobre a
"Exaltação de Cristo", pretendemos verificar o que a Bíblia afirma
sobre o assunto e fazer as implicações disto para a nossa vida cotidiana.
Uma Proposta de Desenvolvimento da Mente
(Inteligência Redencional) Baseada em Valores Elevados
O apóstolo Paulo, escrevendo aos
crentes de Colossos, tinha uma proposta para o modelo de vida cristã que
deveria marcar a conduta daquela igreja:
Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra (Colossenses 3.1 e 2).
Podemos naturalmente perceber que o
apóstolo está propondo um modelo de vida, diferenciado, pois diz: “...não nas
que são aqui da terra”. Trata-se de um modelo de mudança de mente (metanóia),
uma perspectiva de desenvolvimento de uma inteligência redencional guiada pelo
alto.
Evidentemente, ele não está propondo
uma forma escapista de vida, mas um viver cotidiano que seja guiado por valores
mais elevados. No mesmo sentido, podemos entender as palavras de repreensão de
Deus, dadas por intermédio do profeta Isaías:
Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim os meus caminhos são mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos que os vossos pensamentos (Isaías 55.6 a 9).
A proposta da Exaltação de Cristo
marcando o modo como pensamos e vivemos nossa vida deve produzir uma maneira
complemente nova no rumo de nossas decisões e percepções das coisas que temos
visto, sentido e vivido neste mundo.
Entretanto, creio ser imprescindível
que saibamos um pouco mais sobre as condições da Exaltação de Cristo. Pois, este
conhecimento poderá nos ajudar na importante tarefa de “pensar as coisas lá do
alto, onde Cristo está”.
O Cristo Exaltado está à destra de Deus
A expressão à destra de Deus aponta
para algumas realidades importantes da condição de Jesus Cristo exaltado. Há um
bom número de textos bíblicos que pontuam sobre esta realidade, além de muitos
outros que sugerem isto não tão diretamente.
De fato, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à destra de Deus.
Quando Deus recebe Cristo e o coloca
à sua mão direita, devemos compreender que este é um gesto de completa
aprovação do Pai à obra do Filho. O Pai testemunha com este gesto que se
agradou completamente de tudo aquilo que o filho conquistou para ele.
Esta figura se reporta às cortes
antigas quando os heróis, dirigentes de exércitos, os generais mais valentes,
eram prestigiados por causa do sucesso em suas batalhas. Estes saíam em nome do
reino para conquistar seus inimigos e voltava trazendo os despojos. Por sua
coragem e sucesso na batalha, o Rei lhe concedia a honra de receber a glória do
povo à sua destra, como gesto do reconhecimento dos seus feitos.
Cristo, quando se assenta ao lado do
trono de Deus (Hebreus 12.2) assume a sua glória e ganha a honra de ser
glorificado por todos os súditos do Reino.
Devemos nos lembrar de que estamos
falando do Jesus homem, que agora tem a sua natureza humana elevada acima de
todos os poderes e principados. A este Jesus, Deus fez Senhor e Rei. Por isto,
podemos e devemos glorificar ao Cristo que venceu, o Jesus homem.
Por isto, em Apocalipse, vemos que a
referência à quem pertence a glória e a honra e o louvor é ao Cordeiro que foi
morto. Note, não é uma referência à natureza divina de Jesus Cristo, mas à sua
natureza humana, pois somente a natureza humana morreu.
Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória e louvor (Apocalipse 5.12).
O que vemos descrito neste verso é
que todos os súditos dos céus, em particular as miríades de anjos, discerniram
que o cordeiro era digno de, na sua exaltação, receber todos os privilégios
descritos neste cântico, que são outras implicações que devemos considerar mais
à frente.
Estes mesmos seres somados a todas as
outras criaturas existentes no céu, na terra e debaixo da terra, em um momento
escatológico portentoso, clamarão a glória deste Cordeiro exaltado:
Aquele que está sentado no trono e ao Cordeiro seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos (Apocalipse 5.13).
Portanto, o que Cristo recebe, além
da aprovação do Pai pelos seus feitos como nosso Redentor é a dignidade de
receber a honra dos homens e dos seus súditos.
Implicações para o cotidiano
O desenvolvimento de um senso de
respeito pela obra de Cristo é com certeza muito esperado dos crentes em geral.
Pensas as coisas lá do alto é desenvolver também esta capacidade de considerar
atentamente aquele que deu a vida por nós e valorizar o seu trabalho.
Precisamos, além disto, viver de
maneira doxológica. Em tudo devemos louvar a Cristo, mas principalmente por sua
vitória. Devemos louvá-lo porque o Pai o aprovou como nosso suficiente redentor
e devemos louvá-lo porque ele é digno de toda a adoração.
Um erro muito comum dos crentes é
manter uma vida cotidiana distante deste modelo doxológico. Viver como se
Cristo estivesse meramente numa gaveta, trancado dentro das nossas Bíblias. Uma
vida fria, sem adoração é viver para as coisas aqui da terra e não as que são
lá do alto, onde Cristo vive.