A Vida No Espírito e o Amor
Prático
Gálatas 6.1 a 18
INTRODUÇÃO
Paulo
já definiu sua visão sobre o que estava acontecendo nas igrejas da Galácia. Ele
diagnosticara que os crentes haviam trocado a segurança da graça de Cristo pelas
prática de obras como forma de auto-justiça.
O
apóstolo define este comportamento como o andar na carne. Andar na carne consiste
em buscar em si mesmo a razão da salvação e da fé. Isso, ganhava proporções
grandiosas de idolatria, pois, no final, quem se quedava exaltado era o próprio
“ego”.
Como
já tratamos anteriormente, este é o ponto que desejamos fortemente contemplar
nestes estudos sobre a Carta aos Gálatas: a necessidade de trabalhar o coração
para que ele não seja dominado pela natureza carnal, mas pela nova natureza
guiada pelo Espírito Santo.
Por
isto, Paulo conclui todo o seu argumento propondo a visão clara da carne
militando contra o Espírito. Esta visão é seguida de uma orientação
fundamental: quais são os resultados da vida de quem anda pela carne (obras da
carne) e quem anda no Espírito (fruto do Espírito).
No
capítulo 6, dando continuidade a este ponto, procurando observar de uma maneira
mais evidente o problema, Paulo propõe uma forma simples de identificar e praticar
essa mortificação da carne e o viver no Espírito. Trata-se do amor prático.
Levar as Cargas Uns dos Outros
(versos 1 a 6)
Neste
ponto, os crentes são conduzidos a conceber que só exercitariam o seu coração
na vida do Espírito quando começassem a agir em conformidade com a regra do
amor ao próximo.
Ele
volta ao tema da Lei e afirma categoricamente que levar as cargas uns dos
outros é o cumprimento da Lei. Mas, aqui, no verso de número dois ele qualifica
esta lei como sendo a Lei de Cristo.
Voltando
ao verso 1, temos um caso concreto apresentado para ilustração. Trata-se de um
caso que deveria ser considerado como um desafio: um faltoso o meio da
congregação.
Ele
diz que o crente guiado pelo espírito (vós que sois espirituais) tratam casos
assim sempre com espírito de brandura. Ele está apenas exemplificando como
agiria uma pessoa guiada pelo Espírito Santo, cuja mente está sendo fortalecida
na fé espiritual.
Ao
mesmo tempo, este que trata o outro com espirito de brandura tem de tomar
cuidado com os juízos que fazemos dos faltosos. Ele faz um alerta, que indica
que a pessoa guiada pelo Espírito Santo não se precipita a considerar a falta
do outro, mas cuida de si mesmo para não cair do mesmo modo.
Este
é o ponto a ser tratado na continuidade no verso 3: não pense muito
elevadamente sobre você. É um gritante erro, quando estamos tentando ajudar
alguém que está faltoso, agirmos como juízes e não como curadores. A isto ele
chama de “engano”.
Os
versos 4 e 5 devem ser considerados dentro deste contexto, pois, quando lidos isoladamente
podem sugerir exatamente o contrário que o apóstolo tencionava. Perceba que ele
está dando continuidade ao argumento ao usar a palavra “mas”.
O
ponto mais central da passagem é o verbo “provar”, que em grego vem da raiz “dokimazo”
que pode ser trazido por “examinar”. A ideia de Paulo aqui é a de conduzir o
crente a ser juiz de si mesmo, da sua própria obra “erga” (labor). Isso é usar
a mente para enxergar a si mesmo se não está incorrendo em falta, antes de
avaliar a falta do outro.
Na
verdade, não podemos crescer se avaliamos somente os outros. Para crescer, é
necessário que estejamos mais prontos em sempre avaliar a nós mesmos, até mesmo
na situação e queda de outras pessoas. Pois, na verdade, só podemos realmente
avaliar a nós mesmos.
Aprender
a aprender até com quem está errando pode ser um excelente exercício de
metanóia, mudança de mente. Mas, se você aprender com qualquer irmão, não
hesite em fortalecer a fé do seu irmão, falando para ele o quanto determinada
situação está sendo também proveitosa para você. Mostre ao faltoso que a vida
dele, de alguma maneira pode ser usada por Deus como está sendo usada na sua.
A lei da semeadura (versos 7 a
10)
Paulo trabalha com um alerta e tem o objetivo
de nos exortar e estimular à prática do bem ao nosso semelhante.
Quando
afirma que de Deus não se zomba, está claramente esclarecendo que o nosso
coração carnal pode enganar aos homens, mas nunca a Deus. Deus sabe a diferença
entre quem vive pela carne e quem vive pelo espírito. Por isto é certo que ele
nos dará conforme o modo como estamos vivendo, afinal nossas experiências
revelam quem somos.
O
tema do verso 8 trata da questão de que não podemos esperar esta bem na relação
com Deus, se vivemos na carne, mas também que, por outro lado, podemos
descansar no fato de que se nos esforçamos por andar no Espírito, colheremos o
que do Espírito procede.
Os
versos seguintes (9 e 10) concluem enfatizando o fato de que o nosso próximo é
a lavoura onde semeamos. Na convivência e no amor ao próximo é que nos dispomos
para a vida no Espírito. Portanto, aproveitar bem todas as oportunidades é
sempre fundamental para quem deseja treinar a mente a viver segundo o Espírito
Santo.
A vida como exemplo para os
outros (versos 11 a 18)
Como
Paulo está num momento bastante prático da aplicação da sua doutrina e da sua
percepção sobre os erros das igrejas da Galácia, ele finaliza com um exemplo
vivo, um contraste entre ele e os falsos mestres.
Ele
não deixa dúvidas de que seja ele mesmo a falar de si. Não se trata de
ostentação do ego, mas de uma clara convicção de estar no caminho correto.
Ele
começa a colocar-se como exemplo explorando o contraste entre o propósito do “evangelho
falso” pregado pelos falsos irmãos e o que ele pregou.
Nos
versos 12 e 13, ele pontua sobre o fato de que os falsos irmãos sugerem um
caminho carnal de auto justiça para os crentes da Galácia com a finalidade de
contarem vitória pessoal por fazerem prevalecer o seu “evangelho” sobre eles. Contudo,
o problema da incoerência deles é que, ao passo que exigem uma obra tão física
e grotesca como a circuncisão, não estão dispostos a guardar a Lei, que dizem
tanto apreciar. Provavelmente, porque mordiam e devoravam os que não se lhes
submetiam.
Enquanto
estes falsos mestres queriam mostrar força na sua capacidade de doutrinar e
conduzir o povo a um sistema que os subordinava, Paulo, por outro lado, não
precisava que o evangelho o exaltasse, desde que mostrasse e exaltasse a
Cristo.
Por
isto, ele jamais buscou gloriar a si mesmo como pregador do Evangelho aos
gálatas, antes, preferiu que o seu evangelho evidenciasse a obra e suficiência
da Cruz de Cristo (verso 14).
Ele
completa o seu pensamento, dizendo que a Cruz de Cristo tirou todas as suas
esperanças de glórias vindas do mundo e o fez descansar unicamente no fato de
que Cristo mudou o seu coração e o fez viver segundo um princípio novo, que ele
diz que é muito melhor que a circuncisão ou a incircuncisão: o ser nova
criatura.
Esta
é a norma, ou a lei que se deve seguir: o ser nova criatura, guiada pelo
Espírito Santo, ter a mente restaurada para pensar cristorreferentemente. Paulo
confirma que nenhuma falha havia no seu Evangelho. Ao contrário, ele sabia que
este Evangelho lhe marcava com as marcas de Cristo.
Penso que a forma com que Paulo encerrou esta
carta é significativa. Ele propõe a graça como no começo a propôs como padrão
da nossa segurança em Cristo e pede que ela esteja com o espírito dos crentes,
isto é, esteja no coração, mente deles. Uma vez que é assim que o Espírito faz:
fala ao nosso espírito que somos filhos de Deus e por Ele clamamos Aba Pai
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