quarta-feira, 4 de junho de 2014

Destruindo os Ídolos do Coração - Estudo 1 - Primeira Tessalonicenses Capítulo 1

Destruindo os Ídolos do Coração

Introdução
Em nossos estudos, desejamos considerar na Primeira Carta aos Tessalonicenses e na Primeira Carta de João o tema da “idolatria”. Embora todo o Novo Testamento aborde este tema e a vitória da fé sobre os “Ídolos do Coração”, escolhemos estas duas pelas referências diretas que fazem ao tema (1Ts 1.9-10; 1Jo 5.21).
Considerando tudo o que já estudamos sobre o assunto “Ídolos do Coração” nos estudos ministrados pelo nosso irmão Bel Marcos Cleber e todas as nossas considerações sobre a centralidade do coração na relação com Deus, vamos observar nestes estudos como os crentes de Tessalônica conseguiram vencer o seu apego aos “Ídolos” e de que maneira João entendia que os crentes de seus dias seriam capazes de se guardar deles.
O objetivo geral dos nossos estudos é oferecer ferramentas para que todos os que se dispuserem a viver pela fé neste mundo, consigam vencer os ídolos que tentam governar o nosso coração, determinando nossa vontade.
Esperamos que todos os que participarem conosco e que lerem estas linhas possam discernir suas próprias dificuldades e exercitar sua luta pessoal no propósito de viver para Deus, amando-o acima de todas as coisas.

Deixando os Ídolos Para Servir a Deus
Primeira Carta aos Tessalonicenses
Estudo 1
Somos todos resistentes à mudança. Mudar, muitas vezes, significa trilhar o caminho da insegurança e colocar-se em uma condição de vulnerabilidade.
Vou lhes falar sobre Eduardo, um jovem apaixonado por geopolítica e economia. Quando tinha 18 anos ele entendia que havia alguma coisa muito errada no sistema capitalista. Ele percebia suas falhas e as gritantes e alarmantes mazelas do modo como o mundo capitalista dirigia a vida das pessoas.
Não demorou muito e ele e se engajou em um movimento de esquerda. Todo certo de suas convicções se tornou muito influente entre os seus e chegou a se tornar autor de importantes obras sobre o assunto.
Mais tarde, entretanto, depois de se decepcionar também com os sistemas socialistas e poder ver de perto que suas ideias marxistas tinham também suas idiosincrasias, Eduardo preferiu rever sua posição e voltar a atrás em muitas das suas observações políticas e econômicas.
Na verdade, estamos falando de Eduardo Galeano, o escritor Uruguaio, autor do clássico livro: “As Veias Abertas da América Latina”. Sem entrar nos conflitos próprios da discussão e em seu mérito, quero destacar que a mudança de posição clara e transparente assumida por Eduardo Galeano não é uma coisa simples de se admitir, do tipo que você vai dormir pensando de um jeito e acorda pela manhã, pensando de outro.
Na última bienal do livro de Brasília o insigne escritor disse: “A realidade mudou muito. Eu mudei muito. Meus espaços de penetração na realidade cresceram tanto fora, quanto dentro de mim. Dentro de mim, eles cresceram na medida em que eu ia escrevendo novos livros, me redescobrindo, vendo que a realidade não é só aquela em que eu acreditava”  (disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br - consultado dia 04/06/2014).
As mais importantes mudanças da nossa vida exigirão o elevado preço do sacrifício pessoal. De muitas formas, acredito que o aprendizado da vida e de Deus exigirá que façamos muitas revisões e decidamos por muitas mudanças, do que destaco, são muito mais importantes e mais sérias que qual é o nosso lado do jogo político-econômico do mundo.

Paulo e a Igreja de Tessalônica
Em Tessalônica, o Evangelho não chegou senão com muita luta. Comecemos considerando o histórico da relação de Paulo com a Igreja de Tessalônica. Veremos, em resumo, que o evangelho em Tessalônica recebeu intensa oposição dos não crentes, não obstante, aqueles irmãos tessalonicenses foram capazes de tomar a mais séria decisão de sua vida, abandonando os ídolos para servir ao Deus vivo e verdadeiro.
Após a sua primeira viagem missionária, Paulo e Barnabé tem uma grande discussão o que levou o apóstolo Paulo a tomar a decisão de fazer a sua segunda viagem em companhia de Silas, também conhecido como  Silvano (At 15.36-41). Ambos partem para a região de Derbe, onde conhecem Timóteo e decidem levá-lo na viagem (At 16.1-3).
Depois de percorrer a região frigio-gálata, Paulo desejava voltar para visitar as igrejas plantadas na Ásia Menor, mas tem uma visão que o impele e tomar outra decisão: atravessar o Mar Egeu para ir à região da Macedônia-Acaia (At 16.10).
A equipe missionária atravessa o mar e chega ao porto de Neápolis e depois à cidade de Filipos (At 16.11-12). Naquele lugar, prega o evangelho e Deus salva muitas pessoas. Entre elas uma jovem advinhadora, com qual, muitos espertalhões ganhavam dinheiro. Estes, sentindo-se lesados pela conversão da moça, perseguiram os missionários e os levaram à prisão (At 16.19).
Nessa prisão, à noite, enquanto cantavam louvores a Deus, Paulo e Silas viram um terremoto acontecer e soltar-lhes os grilhões. Eles, entretanto, não fugiram e ali conheceram um homem carcereiro que também se converteu ao evangelho. Paulo e Silas foram soltos posteriormente, mas exigiram que fossem julgados adequadamente (At 16.35-39). Depois de tudo isso, partiram para outra cidade e chegaram finalmente à Tessalônica (At 17.1).
Logo Paulo, Silas e Timóteo começaram a pregar o Evangelho e muitos judeus, gregos e várias mulheres da alta sociedade tessalonicense se converteram ao Senhor (At 17.4). Mas, não demorou muito e se levantaram os inimigos da cruz de Cristo.
Alguns judeus, associados a malfeitores e malandros da cidade (At 17.5) começaram a perseguir Paulo e Silas e estavam dispostos a fazer-lhes mal. Procuraram-nos na casa de Jason e não o encontrando, levaram presos, Jason e os que estavam com eles diante do povo para acusá-los (At 17.6-7). Jason e os outros foram libertos depois de pagar uma fiança (At 17.9). Então procuraram Paulo e Silas e os enviaram para Beréia (At 17.10). . 
Ali em Beréia, Paulo, Silas e Timóteo continuam o trabalho de evangelização. Muitos bereanos se voltam para o evangelho demonstrando ainda mais graça de Deus que os próprios tessalonisences (At 17.11). Paulo destaca que os bereanos reagiram muito melhor que a maior parte dos tessalônicos que rejeitaram o evangelho.
Entretanto, não demorou muito até que nova oposição se levantasse. Mas, o incrível desta vez é que a oposição começou não com gente de beréia, mas com os inimigos tessalônicos. Os mesmos que haviam perseguido Paulo e Silas em Tessalônica foram à Beréia para os perseguir (At 17.13), tamanho era o seu ódio ao evangelho de Cristo e a Paulo em particular.
Eles estavam tão furiosos e dispostos a matar Paulo que foi necessário que os irmãos se encarregassem de mandar Paulo para Atenas (At 17.15) e depois avisaram a Silas e Timóteo que fossem encontrá-lo.
O que se pode perceber de como o Evangelho chegou a Tessalônica é que os crentes daquela cidade precisaram enfrentar não pouca oposição. Ao contrário, talvez eles tenham sido, de todas as cidades em que o Evangelho chegou, excetuando-se talvez Jerusalém e Roma, os que mais enfrentaram dificuldades por causa da sua fé. Entretanto, não obstante as enormes angústias e adversidades pelas quais passaram, eles permaneceram firmes na sua fé.
Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo (1Ts 1.6).
Tanto é assim, irmão, que vos tornastes imitadores das igrejas de Deus existentes na Judéia em Cristo Jesus; porque também padecestes, da parte dos vossos patrícios, as mesmas coisas que eles, por sua vez, sofreram dos judeus, os quais não somente mataram o Senhor Jesus e os profetas, como também nos perseguiram, e não agradam a Deus, e são adversário de todos os homens, a ponto de nos impedirem de falar aos gentios para que estes sejam salvos, a fim de irem enchendo sempre a medida de seus pecados. A ira, porém, sobreveio contra eles, definitivamente (1Ts 2.14-16).  
Deixando os Ídolos
Porque de vós repercutiu a palavra do Senhor não só na Macedônia e Acaia, mas também por toda parte se divulgou a vossa fé para com Deus, a tal ponto de não termos necessidade de acrescentar coisa alguma; pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro e para aguardes dos céus o Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura (1Ts 1.8-10).
Apesar de todas as suas tribulações os cristãos de Tessalônica tomaram uma firme decisão de mudar sua confiança dos ídolos para Deus. Eles deixaram os ídolos.
Para nós, crentes do século XXI, vivendo em um ambiente de democracia e fortemente influenciado pelo próprio Cristianismo Ocidental, parece pouco importante o que significa essa expressão do versículo 9. Mas os apóstolos sabiam muito bem o que tudo aquilo significava para aqueles irmãos.
Naqueles dias, mais que nos nossos, a religião dominava todas as esferas da vida citadina. Os povos eram conduzidos por valores religiosos muito fortes e arraigados. Anos de história, tradição e acima de tudo obrigações religioso-políticas influenciavam e dominavam as famílias, o trabalho, o comércio e a sociedade como um todo.
Quando os crentes tessalonicenses decidem abandonar essas convicções idólatras, para eles tudo mudou. Mas não devemos minimizar essa mudança como apenas uma mudança de hábito religioso. Tratava-se de muito mais que uma mera mudança de “igreja” como em nossos dias, ou de “conceito doutrinário”.
Tudo o que sempre aprenderam sobre o que significa a vida estava em jogo. Um homem médio de Tessalônica aprendera, desde pequeno que os homens vivem para servir os deuses e que eles comandam a sua vida, dando-lhe tudo o que precisam. Sua vida, trabalho, família e tudo mais tem sentido por causa dos deuses aos quais servem. Quando ele se converte a Cristo precisa se redescobrir, se redesenhar e se reentender à luz do Evangelho.
Além destas implicações pessoais e próprias da alma humana, precisamos considerar as implicações sociais, derivadas do fato de que, quando eles se convertiam, começavam a viver contra o sistema da sociedade onde estavam inseridos. Os seus patrões, por exemplo, achavam que o lucro do comércio vinha da mão dos deuses e logo começavam a pensar o que deveriam fazer aos seus funcionários que estavam traindo os deuses!?
Os líderes, incitados pelos envolvidos com o lucro vindo dos templos (uma das principais fontes de renda dos governos das cidades), também se posicionavam contra essa mudança e por isso perseguiam fortemente todos os conversos, especialmente os que exerciam alguma primazia, como Jason, que teve sua casa, seus bens, família, tudo que era importante invadido.
O primeiro passo para se destruir os ídolos do coração deve ser a decisão corajosa de abandonar a falsa segurança que eles proporcionam. É disso que o Senhor Jesus estava falando quando disse ao jovem rico para vender tudo o que tinha para dar aos pobres.
Disse-lhe Jesus: SE queres ser perfeito, vai, vende todos os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu, depois, vem e segue-me (Mt 19.21).
Como já vimos nos estudos anteriores, nossos ídolos são bem mais presentes e mais dissimulados que apenas o conceito comum de “pequenas estátuas às quais se atribui alguma divindade”.
A religiosidade inerente do coração humano não se limita à fabricação de estatuetas para o serviço religioso. A religião de uma pessoa é, em última análise aquilo em que está baseada toda a sua segurança e fonte última de alegria e satisfação.
Portanto, podemos ter a nossa verdadeira religião distinta até mesmo de quem chamamos “deus”. Ou seja, você poderia ser um evangélico que chama de “deus” o “Deus das Escrituras”, mas na verdade, quem lhe dá segurança para viver é o dinheiro. Então, se sua fonte última de confiança e alegria é o dinheiro, apesar de você dizer “Senhor, Senhor”, seu Ídolo é o dinheiro e, em última análise, sua capacidade de consegui-lo.
O que estamos dizendo é que para vencer a idolatria precisamos decidir colocar a nossa confiança completa em Deus. Trata-se de uma determinada resignificação de nós mesmos. Isso já nos leva para o tópico seguinte.
Convertendo-se a Deus
Como vimos no tópico anterior, ao deixarem os ídolos, os tessalonicenses puseram em “xeque” toda a construção cultural de seu próprio significado como pessoas, seres sociais, relações familiares etc.
Por isso, a primeira parte da destruição dos ídolos do coração exige não somente a renúncia de si mesmo, mas a busca de autossignificado em Deus. Acredito que podemos entender que essa era a proposta implícita na palavra de Jesus quando disse:
Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á (Mateus 16.24-25).
Os tessalonicenses não poderiam simplesmente deixar os seus deuses, eles precisavam de algo que satisfizesse sua necessidade estrutural criacional, eles precisavam de um “Deus” e, então se entregaram ao “Deus Vivo e Verdadeiro”.
Pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro (1Tessalonicenses 1.9).
Estrutura Criacional Religiosa do Coração Humano
O coração humano foi criado para servir um “deus”. Essa estrutura criacional precisa ser suprida e o ser humano sempre precisará de “algo” para o quê dirigirá o seu amor último e sua confiança última.
Em Romanos 1.21, uma afirmação do apóstolo nos dá conta de que o conhecimento de Deus fora dado aos homens. O termo “de Deus” é aplicado em um termo verbal grego chamado “genitivo” devendo ser lido com uma dupla possibilidade: “o conhecimento acerca de Deus” ou “o conhecimento que Deus deu”. Na verdade, o apóstolo sugere que o conhecimento que os homens poderiam ter a respeito de Deus era uma dádiva do próprio Deus, implantado nos corações.
Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato (Romanos 1.21).
A afirmação de Paulo é que eles tinham um conhecimento verdadeiro de Deus, provido pelo próprio Criador e tornado efetivo mentalmente pelas obras da Criação que atestavam as virtudes do Senhor.
Porque os atributos invisíveis de Deus, assim como o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis (Romanos 1.20).
O ponto que desejamos considerar aqui é que o coração humano recebeu de Deus a estrutura funcional para buscar o Criador e discernir o Criador e nele alcançar verdadeiro autossignificado. No entanto, o que vemos no conteúdo destes textos é que o homem, usou essa disposição criacional para crer em Deus de modo distorcido e não o reconheceu como Deus, preferindo desviar o seu coração para por a sua confiança em outros deuses.
Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis (Romanos 1.22-23).
Ou seja, o homem, sob os efeitos da queda, preencheu a lacuna religiosa estrutural do seu coração colocando sua confiança e amor últimos em ídolos (deuses) que satisfaziam duas posições na sua natureza: a necessidade criacional e estrutural de um deus e a necessidade pecaminosa de negar o Deus verdadeiro.
Mas por que a negação de Deus carece de uma substituição por outros deuses? Porque, como já temos insistido, trata-se de uma estrutura criacional que não pode ser apagada, nem pelos efeitos do pecado sobre a mente humana (efeitos noéticos).
Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se (Romanos 2.14-15).
O apóstolo propõe uma visão bem ampla do ser humano, como um ser criado e dependente de certas estruturas nele implantadas pelo seu Criador. Portanto, não importa o comportamento externo do homem, somos seres religiosos e buscamos satisfazer essa condição.
O Deus Vivo e Verdadeiro
Para o apóstolo Paulo, os tessalonicenses haviam abandonado os ídolos por que tinham encontrado verdadeiro sentido no Deus Vivo e Verdadeiro e agora sua vida alcançava autossignificado neste Deus.
(...)deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro e para aguardes dos céus o Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura (1Ts 1.9-10)  
Deixando os ídolos, vos convertestes a Deus - Deus havia preenchido os espaços da lacuna existencial do coração dos tessalonicenses. A lacuna do senso da religião e da divindade, inerente à estrutura religiosa criacional precisava ser preenchida e o foi por um Deus que trouxe ao coração dos tessalonicenses. Por isso, eles tiveram o coração redirecionado para Deus (conversão) a ponto de terem em Deus o seu novo referencial.
Para servirdes - Paulo aponta para o conceito de que os tessalonicenses agora tinham a obediência do seu coração dedicada a Deus. Eles eram escravos do pecado e da idolatria, mas agora o seu coração se direcionava a Deus. 
Deus Vivo - é um contraste com os deuses dos homens. Acredito que mais que significar um contraste com os deuses imóveis dos templos, as estátuas, o qualificativo “vivente” tinha a ideia de propor que o verdadeiro sentido da vida só poderia ser encontrado em Deus. Ou seja, como se Paulo estivesse dizendo, aos agora convertidos, que eles haviam realmente se encontrado com a estrutura universal verdadeira da vida e o seu real significado.
Deus Verdadeiro - vai na mesma direção e complementa o pensamento anterior. Ou seja, Deus é a fonte da vida e do seu real ou verdadeiro significado. Eles podiam ficar seguros do que estava acontecendo e deveriam agora, apesar de todas as lutas que enfrentavam, descansar que o seu caminho era o verdadeiro caminho da vida.
Como os Tessalonicenses Destruíram os Ídolos e se Converteram a Deus?
Os processos espirituais que desencadeiam a destruição dos ídolos do coração não são conceitualmente complexos. Entretanto, quando nos dispomos a entender a metodologia de Deus para empregá-los não podemos tratar de maneira simplista  os caminhos distintos que Deus usa para operar no coração de cada pessoa.
A Palavra de Deus
Para Paulo, a ferramenta principal para a destruição dos ídolos do coração dos tessalonicenses foi uma operação realizada pela Palavra de Deus.
Porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavras, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós. Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação (1 Tessalonicenses 1.5-6).
Outra razão ainda temos nós para, incessantemente, dar graças a Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de homens e sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito está operando eficazmente em vós, os que credes (1 Tessalonicenses 2.13).
A Palavra de Deus não é apenas um escrito humano. Ela opera pelo poder do Espírito Santo mudanças no coração humano. Ela é qual espada de dois gumes, capaz de discernir os pensamentos e propósitos do coração, o que implica dizer que é a única apta a transformar as inclinações do coração idólatra do homem.
Atendei vós, pois, à parábola do semeador. A todos os que ouvem a palavra e não a compreendem, vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho (Mateus 13.18-19).
O coração é o alvo da Palavra de Deus, que é semeada para atingi-lo. Por isso, o salmista buscava guardá-la no coração, como uma maneira de não retomar as inclinações carnais do pecado.
De todo o coração te busquei; não me deixes fugir aos teus mandamentos. Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti (Salmo 119.10-11).
Para Paulo o ponto mais determinante da destruição do poder dos ídolos no coração dos tessalonicenses, foi o fato deles terem recebido o Evangelho não apenas como um discurso, mas por meio de uma operação especial do Espírito Santo que provocou no coração deles uma “convicção plena”.
Receber a Palavra em Poder no Espírito Santo (dinamei kai en pneumati hagioi) - Para o apóstolo, o evangelho que os tessalonicenses estavam recebendo não fora apenas pregado pelo apóstolo, mas compreendia que o próprio Espírito era o operador da obra de tornar o evangelho compreensível e receptível aos tessalonicenses.
A palavra semeada no coração dos tessalonicenses tivera a operação do Espírito Santo como a garantidora de sua eficácia. De tal sorte que Paulo credita que a destruição do poder dos ídolos naqueles corações começara, na prática, com o fato de que o Espírito Santo foi quem dirigiu a aplicação da palavra aos corações.
Receber a Palavra em Convicção Plena (pleroforia pollei) -  Uma certeza completa de que se tratava da verdade - Paulo atribuía essa segurança da verdade do evangelho ao resultado da obra do Espírito Santo que tornou aplicou e fez apegar ao coração a palavra pregada.
Os ídolos do coração não podem ser destruídos sem essa operação do Espírito Santo. E sabemos que esta obra está acontecendo quando estamos nos rendendo à verdade do Evangelho de forma segura, como se nossa mente fosse guiada ao crer.
Receber a Palavra Com Alegria do Espírito Santo (metá karás pneumatós hágiôu) - Paulo destaca que entre os principais motivos deles terem seguido o caminho de coragem de se tornarem imitadores de Cristo e do próprio apóstolo Paulo é que eles descobriram a verdade na Palavra do Evangelho de sorte que era possível sentir alegria em meio às tribulações.
Este estágio de maturidade cristã só ocorre como resultado de uma obra de Deus no coração do homem. O coração humano é motivado a sentir satisfação em Deus, quando o Evangelho muda completamente suas inclinações e direciona o seu interesse para Deus. É um processo de conversão completa a obra do Espírito Santo.
Modelos para outros cristãos - coragem para viver para Deus
Irmãos, trabalhamos com a ideia de que estas ferramentas de Deus são simples, mas que sua obra é complexa, por atuar de uma diversidade enorme de maneiras nos corações, cada um segundo sua particularidade.
Os crentes de Tessalônica eram modelos para outros, porque  haviam sido atingidos de uma maneira tal pela palavra que não se via em outros casos. Eles foram preenchidos por uma disposição elevada de seguir a Deus e isto deveria servir de estímulo para outros, que até mesmo se espantavam com o modo comoa palavra do evangelho teve repercussão diferente quando os alcançou.
Não se trata de serem crentes melhores que outros ou serem crentes de primeira classe, mas de irmãos escolhidos para exercerem um papel modelar e para servirem de exemplo para outros. Os tessalonicenses foram escolhidos para vivenciar situações de intensa tribulação, para que sua vitória de fé seja oportuna para outras.
A coragem para viver para Deus é um dispositivo da vontade que só pode ser operada quando a Palavra de Deus inunda de convicção o pensamento, de tal sorte que é despertado o senso de satisfação em um elevado nível a ponto de que o homem decida viver intensamente sua fé, não se importando com o preço pessoal a ser pago - perder a vida para ganhar.






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